Segurança Cibernética na Fusão e Aquisição (M&A) de Empresas: Uma perspectiva abrangente para empresários, investidores e consultorias
Introdução
A fusão e aquisição (M&A) de empresas são processos estratégicos que visam ao crescimento, expansão ou reestruturação de uma organização. No entanto, com a crescente digitalização dos negócios e a implementação de regulamentações de privacidade, a segurança cibernética tornou-se um componente crítico desses processos e na maioria das vezes esquecida! Além do risco constante de vazamentos de informação durante o processo, a integração de sistemas, redes e dados pode trazer desafios significativos no que diz respeito à segurança cibernética.
Este artigo explora a importância da segurança cibernética no contexto de M&A e oferece uma perspectiva abrangente para os empresários.
Gartner: "Um em cada três executivos entrevistados disseram ter sofrido violações de dados que podem ser atribuídas à atividade do M&A durante a integração."
O que é um processo de M&A
M&A, ou Fusão e Aquisição, refere-se à consolidação de empresas ou ativos. Em termos simples, uma fusão ocorre quando duas empresas se unem para formar uma única entidade, enquanto uma aquisição é a compra de uma empresa por outra. O processo de M&A é complexo e envolve várias etapas, desde a identificação de alvos potenciais até a integração pós-aquisição.
O impacto das regulamentações de privacidade durante os processos de M&A
Com a crescente ênfase na proteção de dados e privacidade, regulamentações como LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) no Brasil e GDPR (General Data Protection Regulation) na Europa têm um papel crucial no cenário de M&A. Estas leis impõem obrigações rigorosas sobre como os dados pessoais são coletados, armazenados e processados.
No contexto de M&A, a não conformidade com essas regulamentações pode resultar em penalidades significativas, comprometendo o valor da transação. Além disso, a integração de sistemas de TI e bancos de dados pode ser desafiadora, especialmente se as empresas envolvidas tiverem padrões de conformidade diferentes, como por exemplo: A fusão entre 2 empresas sendo uma com uma cultura totalmente presencial e infraestrutura local e outra de cultura 100% nuvem e modelo de trabalho remoto. Não há duvidas de que o M&A trará um desafio de segurança gigantesco para as equipes de tecnologia e segurança.
Cibersegurança e compliance: Um fator crítico no processo de diligência durante o M&A
Dados recentes revelam que um em cada três executivos enfrentou violações de dados que podem ser atribuídas à atividade de M&A durante a integração. Essas violações podem ter consequências devastadoras, desde multas regulatórias até perda de confiança dos clientes e danos à reputação. A pesquisa também revela que 60% das empresas envolvidas em M&A consideram a cibersegurança como um fator crítico em seus processos de diligência. Isso reflete a crescente conscientização sobre a importância da segurança cibernética e o potencial de riscos associados à integração de sistemas e dados.
(Fonte: Cybersecurity Is Critical to the M&A Due Diligence Process, Gartner)
Infelizmente, na maioria dos casos, os CISOs (Chief Information Security Officers) são trazidos para o processo de M&A em estágios avançados. Isso pode expor as organizações a riscos significativos, pois as vulnerabilidades e ameaças cibernéticas podem não ser identificadas à tempo na transação. A participação precoce dos CISOs pode garantir que os riscos sejam identificados e mitigados antes que se tornem problemas maiores.
Os processos de fusão e aquisição (M&A) envolvem a combinação de recursos, sistemas, redes e dados de duas ou mais empresas. Durante esse processo, várias vulnerabilidades cibernéticas podem surgir, expondo as organizações a riscos significativos. Aqui estão alguns dos riscos cibernéticos mais comuns associados a M&A, juntamente com exemplos possíveis:
Quais os riscos financeiros em um M&A sem realizar uma diligencia de segurança cibernética?
Comprar uma empresa sem realizar uma diligência cibernética adequada pode expor a empresa adquirente a uma série de riscos financeiros significativos. Aqui estão alguns dos principais riscos financeiros associados a essa decisão:
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Custos de Violações de Dados: Se a empresa adquirida já sofreu uma violação de dados ou está atualmente comprometida, a empresa adquirente pode ser responsável pelos custos associados à resposta à violação, incluindo notificação de clientes, monitoramento de crédito, investigações e remediação.
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Multas e Penalidades Regulatórias: A não conformidade com regulamentações de privacidade e segurança cibernética, como LGPD, GDPR, entre outras, pode resultar em multas substanciais. Se a empresa adquirida não estiver em conformidade, a responsabilidade pode recair sobre a empresa adquirente.
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Litígios e Responsabilidades Legais: A empresa adquirente pode herdar responsabilidades legais de ações judiciais relacionadas a violações de dados ou outras questões de segurança cibernética da empresa adquirida.
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Custos de Remediação: Descobrir vulnerabilidades ou sistemas comprometidos após a aquisição pode exigir investimentos significativos em tecnologia e serviços para remediar os problemas.
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Perda de Receita: A reputação danificada devido a questões de segurança cibernética pode levar à perda de clientes e receitas. Além disso, sistemas comprometidos podem resultar em interrupções operacionais que afetam a receita.
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Custos de Integração: Se a empresa adquirida tiver práticas de segurança cibernética inadequadas, a integração de sistemas e redes pode ser mais complexa e cara do que o previsto.
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Desvalorização do Ativo: Problemas de segurança cibernética podem reduzir o valor real do ativo adquirido, fazendo com que a empresa adquirente pague mais do que o ativo vale de fato.
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Custos de Treinamento: A necessidade de treinar a equipe da empresa adquirida sobre práticas de segurança cibernética adequadas pode representar custos adicionais.
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Custos de Seguro: Se a empresa adquirida não tiver cobertura de seguro cibernético adequada ou se tiver um histórico de violações, o prêmio do seguro pode aumentar.
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Riscos Associados a Terceiros: Se a empresa adquirida tiver relações com fornecedores ou parceiros que representem riscos cibernéticos, pode haver custos associados à revisão ou substituição dessas relações.
Estes são apenas alguns exemplos de riscos cibernéticos associados a processos de M&A. É essencial que as empresas realizem avaliações de segurança cibernética abrangentes e contínuas durante todo o processo de M&A para identificar e mitigar esses riscos.
O que deve ser verificado em uma diligência de cibersegurança antes de uma transação de M&A
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Avaliação de Segurança Cibernética Completa: Por questões de imparcialidade e opinião externa, é recomendável que se contrate uma empresa especializada para realizar uma avaliação abrangente da infraestrutura de TI, sistemas, redes e práticas de segurança da contraparte. Isso deve incluir testes de penetração, avaliações de vulnerabilidade e revisões de políticas e procedimentos existentes, caso existam, apesar de ser muito comum grande parte das empresas não possuirem um programa de segurança e compliance consistente.
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Revisão de Conformidade: Garanta que a empresa terceira avalie a conformidade da empresa-alvo com regulamentações relevantes (como GDPR, LGPD, HIPAA, entre outras). Isso ajudará a identificar áreas de não conformidade e potenciais responsabilidades.
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Due Diligence de Terceiros: É imprescindível que se avalie os riscos cibernéticos associados à fornecedores (existem padrões e melhores práticas de mercado para esta atividade), parceiros e outros terceiros da empresa-alvo. Isso pode revelar vulnerabilidades indiretas que podem afetar a segurança cibernética.
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Avaliação de Incidentes Anteriores: Investigue se a empresa-alvo (contraparte) já sofreu violações ou incidentes de segurança no passado e como esses incidentes foram tratados.
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Plano de Remediação: Com base nas descobertas da avaliação, trabalhe com a empresa terceira para desenvolver um plano de remediação detalhado. Isso deve incluir etapas específicas, prazos e responsabilidades.
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Integração Segura: Ao combinar infraestruturas de TI e dados, utilize a expertise da empresa terceira para garantir que a integração seja feita de maneira segura, minimizando interrupções e vulnerabilidades.
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Treinamento e Conscientização: Solicite à empresa especializada que forneça treinamento e workshops para as equipes das empresas envolvidas. Isso garantirá que todos estejam cientes das melhores práticas de segurança cibernética.
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Monitoramento Contínuo: Mesmo após a conclusão do processo de M&A, mantenha um relacionamento com a empresa terceira para monitoramento contínuo e avaliações periódicas. Isso ajudará a identificar e tratar novas ameaças e vulnerabilidades à medida que surgirem.
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Revisão de Políticas e Procedimentos: Com a ajuda da empresa especializada, revise e, se necessário, atualize as políticas e procedimentos de segurança cibernética para refletir a nova realidade da empresa combinada.
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Estabeleça Comunicação Clara: Mantenha linhas de comunicação abertas com a empresa terceira durante todo o processo. Isso garantirá que quaisquer preocupações ou descobertas sejam prontamente comunicadas e tratadas.
Em resumo, ao se envolver em um processo de M&A, a colaboração com uma empresa terceira imparcial e especializada em segurança cibernética é uma maneira eficaz de garantir que riscos sejam identificados, avaliados e mitigados de forma adequada, protegendo assim os ativos e a reputação das empresas envolvidas.
Conclusão
A segurança cibernética é indiscutivelmente um dos aspectos mais críticos (e as vezes ignorados) durante o processo de M&A. Garantir que as práticas de segurança cibernética sejam priorizadas e integradas desde o início pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma fusão ou aquisição. Empresários, investidores e consultorias de M&A, tanto compradores quanto vendedores, devem reconhecer a importância da cibersegurança e tomar as medidas necessárias para garantir que seus negócios estejam protegidos.